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9/15/2007


"Quanto à impossibilidade nela fazer circular o sentido, o melhor exemplo é o de Deus. As massa conservam dele somente a imagem, nunca a idéia. Elas jamais foram atingidas pela idéia de Deus, que permaneceu um assunto de padres, nem pelas angústias do pecado e da salvação pessoal. O que elas conservaram foram o facínio dos mártires e dos santos, do juízo final, da dança dos mortos, foi o sortilégio, foi o espetáculo e o cerimonial da igreja, a imanêcia do ritual - contra a transcedência da idéia. Foram pagãs e permaneceram pagãs à sua maneira jamais frequentadas pela Instância Suprema, mas vivendo das miudezas das imagens, da supertição e do diabo. Práticas degradadas em relação ao compromisso espiritual da fé? Pode ser. Esta é sua maneira, através da banalidade dos rituais e dos simulacros profanos, de minar o imperativo categórico da moral e da fé, o imperativo sublime do sentido, que elas repeliram. Não porque não pudessem alcançar as luzes sublimes da religião: elas as ignoraram. Não recusam morrer por uma fé, por uma causa, por um ídolo. O que elas recusam é a transcedência, é a interdição, a diferença, a espera, a ascese, que produzem o sublime triunfo da religião. Para as massa, o Reino de Deus sempre esteve sobre a terra, na imanescência pagã das imagens, no epetãculo que a igreja lhes oferecia. Desvio fantástico do princípio religioso. As massas absorveram a religião na prática sortílega e espetacular que adotaram."


Jean Boudrillard - À somba das maiorias silenciosas



Como podem ver não estou tão preocupado com aquele probleminha..........bobeira pouca......
*o nome da imagem é "The Joy of Suffering"...nada mais contextual não?......e as flores crescem do mesmo lado esquerdo.....